domingo, 30 de novembro de 2014

Capítulo 1: "A Mastite"

   A mama direita começou a ficar enrijecida. Penso cá comigo: isso não está normal. Devem ser os hormônios da pílula.
   Vou à ginecologista. Após um rápido exame de palpação da mama, a resposta: Priscila, não há nenhum nódulo palpável. Isso deve ser por causa da pílula. Ou talvez o início de uma mastite. Fique observando nas próximas semanas pra ver se vai ficar vermelho e quente. 
    E assim saí eu do consultório. Sem exames de imagem, sem nada.
    Já em casa, uma rápida pesquisa sobre a tal mastite: trata-se de uma inflamação da glândula mamária. Ocorre, na maioria das vezes, no pós-parto a mães que estejam amamentando (mastite puerperal). Pode ocorrer em mulheres que não estão amamentando e neste caso é chamada mastite não-puerperal. Vejo umas imagens, fico intrigada, mas é só. Volto para a minha vida normal.
    Observo, ao longo de duas semanas, que a mama ficou ainda mais rígida. Agora seu volume diminuiu e começou a ficar vermelha na região da auréola.
Volto o ao médico, desta vez utilizando o serviço de urgência. O ginecologista de plantão solicita uma ultrassonografia da mama direita. O resultado: não há nada anormal. O médico diz: Na ultrassonografia não deu nada anormal, mas vou passar esse anti-inflamatório aqui. (WTF??? Por que ele vai passar anti-inflamatório se não tem nada inflamado, segundo o exame?). Ele ainda me diz: Vou te dar aqui o telefone de uma médica que é mastologista. Quando você ligar fala que fui eu quem indicou.
     Volto pra casa sem uma resposta ainda. A partir daí começaram as pesquisas intermináveis sobre a mastite. Pesquisa daqui, pesquisa dali e acabo descobrindo na internet que há uma forma rara de câncer de mama muito parecida com a mastite: O câncer inflamatório da mama. Como sou muito curiosa, começo a pesquisar incessantemente sobre esse câncer na tentativa de tentar diferenciá-lo da mastite. Mas é muito difícil. São muito parecidos, do ponto de vista macroscópico.
      Três dias depois, lá estamos eu e meu marido na mastologista. "Priscila, sua mama está realmente inflamada. Há um linfonodo também altinho, mas ele está bem molinho, então não é pra se preocupar", disse a mastologista após exames de palpação nas mamas e axilas. "Vou passar esses remédios aqui pra você tomar por 7 dias. Depois disso, você faz uma ressonância magnética das duas mamas."
      Remédios tomados, ressonância feita, e o aspecto da mama? Cada vez pior. Agora nem levantar o braço direito eu consigo. 14 dias depois da consulta com a mastologista, estou lá de volta, sem o resultado da ressonância magnética e com uma reclamação: estou pior. "Priscila, às vezes a medicação oral não tem efeito mesmo. Você terá que ser internada para receber medicação endovenosa.", diz a médica. Eu pergunto: "Dá pra ser internada no sábado à tarde? É que hoje e amanhã de manhã eu trabalho.". A resposta: "Não. Urgência é urgência."
     Estive internada por 7 dias para tratar uma mastite. Neste intervalo, o marido foi buscar o resultado da ressonância. Ela apontava processo inflamatório intenso na mama direita e uma região suspeita na esquerda. No hospital realizei diversos exames, dentre eles uma punção do linfonodo da axila. Saí do hospital sem ter o resultado dessa punção e com a mama de aspecto igual ao do momento em que entrei.